domingo, 9 de janeiro de 2011

As paredes de Prédios Antigos


As paredes dos edifícios antigos, anteriores ao advento do betão armado, tinham uma constituição e um modelo de funcionamento muito diferentes das actuais. Embora, naturalmente, os métodos construtivos de paredes tenham evoluído ao longo do tempo e sejam muito diferentes de região para região, existem aspectos básicos comuns no seu funcionamento: as paredes exteriores acumulavam a função resistente com a função de protecção contra os agentes climáticos e as acções externas em geral; os materiais usados na constituição das paredes eram mais porosos e deformáveis que os usados actualmente e a capacidade de resistência e de protecção era assegurada essencialmente através da espessura.

As intervenções de conservação e reabilitação a realizar sobre edifícios antigos devem respeitar os modelos de funcionamento originais, sob pena de provocar patologia mais grave que a que se pretende reparar. Para isso, é essencial manter os materiais e soluções originais, ou, quando necessário, substituí-los por outros compatíveis, se possível com as características determinantes para o seu comportamento semelhantes às dos materiais e soluções pré-existentes.

Os revestimentos de paredes, pela sua grande exposição ás acções externas e pelo seu papel de proteção das alvenarias, são dos elementos mais sujeitos à degradação, pelo que são dos mais frequentemente abrangidos nas intervenções. A sua importância na imagem dos edifícios é determinante, pelo que, também por isso, existe uma grande pressão para os renovar.

REVESTIMENTOS ANTIGOS

Nas paredes antigas rebocadas os revestimentos eram geralmente constituídos pelas seguintes

camadas principais:

Regularização e proteção:

– Emboço

– Reboco (propriamente dito) 1

– Esboço

Protecção, acabamento e decoração:

– Barramento (ou guarnecimento)

– Pintura, em geral mineral

As camadas de regularização e protecção eram constituídas por argamassas de cal e areia, eventualmente com adições minerais e aditivos orgânicos. Normalmente, as camadas internas tinham granulometria mais grosseira que as externas e a deformabilidade e porosidade iam aumentando das camadas internas para as externas, promovendo assim um bom comportamento às deformações estruturais e à água. Cada uma das camadas principais referidas podia, por sua vez, ser constituída por várias subcamadas. Com efeito, para a mesma espessura total, camadas finas em maior número permitiam uma melhor capacidade de proteção e uma durabilidade superior. Os barramentos ou guarnecimentos eram constituídos por massas finas de cal e pó de pedra, também geralmente aplicadas em várias subcamadas, com finura crescente das mais interiores para as mais exteriores. Estas camadas eram muito importantes para a protecção do reboco, verificando-se que, quando se destacam, se assiste a uma degradação rápida do reboco subjacente. A coloração das superfícies era conferida pela incorporação de pigmentos minerais na última camada de barramento, ou por camadas posteriores de pintura, em geral com base em cal, aditivada com pigmentos minerais e outras adições minerais.

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